Resenhas de artigos
"Lidando com a obesidade infantil: oportunidades de prevenção". Callie L. Brown et al. Pediatr Clin North Am. Outubro de 2015; 62 (5): 1241–1261.
Criança saudável é criança gorda! Quem nunca ouviu essa expressão ser dita de diferentes formas? Pois é... houve uma época em que a gordura era quase sinônimo de saúde. Hoje o quadro é completamente outro e passamos a nos pré- e ocupar com a obesidade e o sobrepeso na infância. Em “Addressing childhood obesity: opportunities for prevention” os autores, em sua maioria mulheres, introduzem o assunto destacando os prejuízos de ordem física, emocional e social que a obesidade traz principalmente para as crianças, mas também jogam luz no fato de que uma criança obesa tem maiores chances de ser um adulto obeso.
São discutidos fatores de risco relacionados a essa condição como:
Fatores de risco genético: síndromes, desordens monogênicas e hormonais.
Fatores de risco ambiental/social:
• Morar em bairros de baixa renda;
• As percepções dos pais sobre os ambientes de alimentação e atividade física em seus bairros;
• Dificuldade em chegar a uma loja de alimentos ou dificuldade em comprar frutas e vegetais;
• Morar longe de parques;
• Perigo percebido em sua vizinhança;
• Insegurança alimentar.
Fatores de risco comportamental:
Nutrição - Alguns comportamentos alimentares específicos foram associados à obesidade infantil:
-
Pular o café da manhã;
-
Fazer refeições fora de casa, principalmente fast-food;
-
Comer rápido;
-
Comer porções maiores e
-
Comer na ausência de fome
Por outro lado, o hábito de fazer refeições em família está inversamente associado à obesidade na infância. Em outras palavras, evita a obesidade em crianças.
Atividade física – Estudos que investigaram a atividade física auto-relatada ou relatada pelos pais demonstraram uma relação inversa entre comportamentos como participação em equipes esportivas e deslocamento ativo para a escola e a obesidade infantil. Por outro lado, a inatividade física e comportamentos sedentários como horas de tela (celular, computador ou TV) têm sido cada vez mais associados à obesidade na infância, embora para alguns autores o efeito seja pequeno.
Sono - Embora haja menos evidências da relação entre obesidade e sono, alguns estudos confirmaram esta associação. Em combinação com outras rotinas domésticas positivas (comer em família e limitar o tempo de tela), o sono adequado tem uma forte relação inversa com obesidade entre crianças em idade pré-escolar.
Estresse - Os efeitos de curto e longo prazo do estresse no desenvolvimento da obesidade são uma área emergente de pesquisa. Os vários tipos de estresse que podem afetar uma criança podem aumentar o risco de obesidade de forma independente ou em combinação com outros fatores.
E os autores nos convidam a ampliar ainda um tanto mais o olhar para a obesidade infantil no tópico Abordagem do desenvolvimento para a prevenção da obesidade, nos alertando para a presença de outros fatores de risco em todas as etapas do desenvolvimento e propondo estratégias:
• Pré-natal – promova o ganho de peso gestacional adequado, sem exposição ao tabaco;
• Infância - minimize o ganho de peso rápido, introduza alimentos sólidos posteriormente, evite, o quanto possível, antibióticos de amplo espectro;
• Crianças - incentive a autorregulação da alimentação e muita atividade física;
• Crianças em idade escolar - uso de jogos eletrônicos projetados para promover o exercício ou “exergaming”, uso de intervenções baseadas em tecnologia para melhorar a nutrição e atividade física;
• Adolescentes - nas intervenções, permita o trabalho ou a brincadeira em duplas.
E os autores seguem apontando a importância do Cuidado primário, de Políticas e intervenções ambientais e da Família para a prevenção da obesidade infantil. Se você busca se atualizar, ou mesmo se iniciar no assunto, este pode ser um dos artigos que vai lhe ajudar nessa empreitada. Boa leitura!
Ficamos por aqui aguardando sua próxima visita. Deixe seu comentário no Chat. Assim saberemos se nossas escolhas tem sido úteis para você.